O cenário competitivo das agências está em constante expansão e evolução. Por um lado, enfrentam-se pressões geradas pela entrada de novos criadores e pela emergência de novas gerações de colaboradores e consumidores, que possuem uma forma diferente de pensar e agir em comparação ao que estávamos acostumados. Por outro lado, é necessário enfrentar as inovações tecnológicas que afetam os negócios interna e externamente. Tudo isso ocorre em um contexto de contínua incerteza econômica.
Então, como abordar essas questões? Neste artigo, vamos examinar as tendências e desafios enfrentados pelas agências de comunicação, com base em um estudo aprofundado conduzido por Terry Young, fundador e CEO da sparks & honey, uma consultoria especializada em ciências sociais e informacionais.
O estudo destaca três temas cruciais e prioritários que irão influenciar e transformar o futuro das agências nos próximos anos: “Reset a partir da Geração Z”, “Inteligência Aumentada” e “Biodados e Precision Creative”. Esses temas servirão como catalisadores para a inovação e adaptação das agências às mudanças rápidas no mercado, na tecnologia e na cultura, permitindo que elas prosperem em um ambiente em constante evolução.
Reset a partir da Geração Z
A Geração Z, composta por jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010, desempenhará um papel fundamental na indústria ao longo da próxima década. Essa geração, que cresceu em um mundo de rápidas mudanças tecnológicas e culturais, tem o poder de ditar tendências e impulsionar mudanças significativas no mercado. Para que as agências de comunicação permaneçam relevantes e competitivas, é essencial compreender e adaptar-se às expectativas e valores dessa geração.
Uma das principais mudanças exigidas pela Geração Z é uma maior ênfase na diversidade e na sustentabilidade. As agências devem se esforçar para criar ambientes de trabalho inclusivos e promover práticas comerciais socialmente responsáveis.
Se os millennials são conhecidos pelo “ativismo de sofá”, a Geração Z se destaca por suas ações concretas: não estão apenas esperando que as mudanças aconteçam, mas desejam ser parte ativa nelas. O insight mais relevante sobre essa geração é que, para eles, o ativismo é uma maneira de se relacionar com o mundo, sendo um elemento central em suas vidas. A Geração Z se preocupa profundamente com questões sociais e ambientais e está disposta a usar seu poder como consumidores e influenciadores para apoiar as causas em que acreditam.
Outra mudança importante é a necessidade de adaptar as estruturas organizacionais e hierarquias para dar voz e oportunidade de liderança aos jovens da Geração Z. Isso pode incluir a criação de novos cargos de liderança ou a inclusão de representantes dessa geração em comitês executivos e grupos de decisão. Ao envolver os jovens da Geração Z na tomada de decisões, as agências poderão se beneficiar de novas perspectivas e ideias inovadoras.
Além disso, é fundamental considerar as novas formas de relacionamento no ambiente de trabalho, valorizando a colaboração e a autonomia. A Geração Z valoriza a independência e a flexibilidade, portanto, as agências devem se esforçar para criar culturas corporativas que permitam aos funcionários trabalhar de maneira mais colaborativa e autônoma, ao mesmo tempo em que se mantém o foco nos objetivos da organização.
Algumas marcas e agências estão liderando a mudança e reestruturando seus negócios, considerando, por exemplo, o impacto de carbono em suas operações. Além disso, diversos criativos já estão exigindo que as empresas parceiras adotem ações concretas em temas como diversidade e sustentabilidade.
Mudanças na prática:
- Ter programas de aceleração de liderança para jovens
- Diminuir impacto de carbono
Novas competências:
- Criar a gerir conselhos compostos por jovens para os clientes
- Ter jovens na cocriação
- Sustentabilidade como prática
Inteligência Aumentada: uma abordagem colaborativa entre humanos e IA
A Inteligência Aumentada está redefinindo a maneira como as agências de comunicação trabalham e produzem conteúdo. Essa abordagem combina as capacidades humanas com as potencialidades da Inteligência Artificial (IA) para aprimorar a criatividade, a eficiência e a inovação no setor.
Investir em treinamento e capacitação dos colaboradores é crucial para tirar o máximo proveito dessa tecnologia. A educação contínua e o desenvolvimento de habilidades complementares à IA permitirão aos profissionais utilizar a Inteligência Aumentada de maneira eficaz, gerando soluções criativas e impactantes.
Além disso, o desenvolvimento ético dos modelos de IA é essencial para garantir a responsabilidade e a transparência nas decisões tomadas com base nesses sistemas. As agências devem adotar diretrizes e práticas de governança de IA que protejam os direitos e a privacidade dos usuários, garantindo o uso ético e responsável da tecnologia.
A criação de cargos de liderança focados em Inteligência Aumentada é uma estratégia eficiente para impulsionar a inovação e a adoção de novas ferramentas e técnicas no setor. Esses líderes serão responsáveis por guiar a implementação de soluções baseadas em IA, bem como por fomentar uma cultura de experimentação e aprendizado contínuo.
A exploração de novas ferramentas e realidades virtuais, como a Realidade Aumentada e a Realidade Virtual, também será determinante para o sucesso das agências no futuro. A integração dessas tecnologias ao processo criativo permitirá a criação de experiências imersivas e envolventes, ampliando o potencial de impacto e engajamento das campanhas de comunicação.
O acesso a novas ferramentas irá permitir não apenas navegar pelo metaverso, mas também explorar o conceito de omniverso. Empresas como a Nvidia já estão trabalhando no desenvolvimento do omniverso, um ambiente virtual onde será possível criar experiências extremamente detalhadas e imersivas por meio de simulações realistas.
O omniverso abrirá um leque de oportunidades para as agências, permitindo a construção de mundos virtuais e experiências personalizadas, limitadas apenas pela imaginação e criatividade dos profissionais envolvidos. Essa nova realidade trará consigo desafios e possibilidades inéditas para a indústria da comunicação, exigindo a adoção de novas abordagens e estratégias no desenvolvimento de campanhas e ações promocionais.
Novas funções:
- Head de inteligência aumentada
- Head de ética para IA
- Aperfeiçoamento para IA
Novos serviços oferecidos:
- Plataformas ominiverso
- Midia sintética gerada por IA
- Porta-voz virtual
Biodados e Precision Creative
Os progressos na coleta e utilização de biodados abrem novos horizontes para a personalização de conteúdos e experiências. As agências e marcas precisarão evoluir e ser capazes de conceber e proporcionar centenas de experiências paralelas em um único espaço – uma para cada consumidor – a partir da intersecção entre biodados, bem-estar e experiências midiáticas, adaptando-se aos novos desafios de privacidade e regulamentações. A inovação em matéria de privacidade pode se tornar um diferencial competitivo para as agências e seus clientes.
Neste contexto, as agências devem buscar formas de utilizar os biodados de maneira ética e responsável, garantindo a segurança e a privacidade dos dados dos consumidores. Ao mesmo tempo, precisam encontrar maneiras de criar experiências personalizadas e impactantes, que sejam verdadeiramente relevantes para cada indivíduo.
A chamada “Precision Creative” (Criação Precisa) surge como uma abordagem inovadora neste cenário, permitindo que as agências desenvolvam campanhas altamente segmentadas e eficazes, baseadas nos dados biológicos e comportamentais dos consumidores. Isso leva à criação de conteúdos e mensagens mais assertivas, gerando maior engajamento e retorno sobre o investimento para os clientes.
Novas funções:
- Head de dados de precisão
Novas competencias
- Design de realidades paralelas
- Estratégia de experiências biométricas
- Regulação de biodados e normas éticas de dados
Sobre Terry Young
Terry Young é o fundador e CEO da sparks & honey, uma consultoria cultural que combina ciências sociais e de dados para resolver desafios que mudam o mundo. A sparks & honey projeta futuros preferíveis ao identificar, rastrear e prever mudanças culturais, de mercado e tecnológicas para clientes que incluem organizações da Fortune 500, startups e entidades governamentais.
Terry é um palestrante e comentarista proeminente sobre tudo que moldará o futuro, e suas opiniões e insights são frequentemente apresentados no The New York Times, Fast Company e Forbes. Seu trabalho mais recente analisa a verdade e a confiança em relação ao futuro do consumo, a reinvenção no centro dos Estados Unidos, a disrupção corporativa, a inovação espacial, a nova linguagem de gênero e o surgimento da Geração Z.
A sparks & honey é uma consultoria de inteligência cultural que ajuda organizações a compreender mudanças culturais explosivas e imediatas, bem como gostos culturais que se desenvolvem ao longo do tempo. A consultoria utiliza uma plataforma proprietária de inteligência alimentada por IA que quantifica e prevê a cultura, para impulsionar a transformação de marcas e seus consumidores.
Conclusão
Os próximos 10 anos serão marcados por mudanças massivas e novas oportunidades no setor de publicidade. As agências precisam se preparar desde já para enfrentar os desafios e abraçar as tendências da Geração Z, Inteligência Aumentada e Biodados. A ética e a privacidade serão cada vez mais fundamentais, e questões como inclusão e sustentabilidade se tornarão o cerne da atuação das marcas e das agências. É hora de abraçar a mudança e construir um futuro mais promissor para a indústria publicitária.