Após dois anos em formato totalmente virtual, o South by Southwest (SXSW) finalmente retornou para o modelo presencial em 2023. O evento, que já se tornou um dos mais importantes do mundo nas áreas de tecnologia, música, cinema e cultura pop, precisou se adaptar ao formato virtual em 2020, devido à pandemia de COVID-19. Em 2021 e 2022, o evento também ocorreu no formato virtual, mas agora, retorna ao modelo presencial.
O SXSW é conhecido por ser um evento plural e inclusivo, que reúne pessoas de todo o mundo para compartilhar ideias, discutir tendências e apresentar novos projetos em diversas áreas, como tecnologia, música, cinema, jogos, educação e meio ambiente. Algumas das atrações mais populares do SXSW incluem apresentações musicais de artistas emergentes e estabelecidos, bem como a exibição de filmes independentes e documentários.
O evento também conta com uma série de palestras e painéis de discussão sobre temas variados, desde tecnologia e inovação até política e cultura. São quinze territórios abordados no total: 2050, Publicidade e Experiência de Marca, Engajamento Cívico, Mudanças Climáticas, Cultura, Design, Indústria do TV e Cinema, Futuro da Música, Indústria dos Games, Tecnologia para a Saúde, Produção de TV e Cinema, Indústria da Mídia, Startups, Indústria da Tecnologia e Transportes.
É importante lembrar que o SxSW apresenta suas “tendências temáticas” a cada ano. Em 2022, o destaque foi para NFT e criptomoedas, enquanto em anos anteriores foram temas como AR/VR, canabusiness, riscos e benefícios das redes sociais, fake news e a crise dos meios de comunicação, além de ataques cibernéticos em democracias. No entanto, as previsões de Amy Webb nunca foram tão impactantes De acordo com ela, estamos à beira de uma mudança radical e profunda que terá um impacto direto nos rumos da humanidade.
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Tech Trends Report por Amy Webb, futurista e pesquisadora
Amy Webb é uma futurista e pesquisadora que anualmente apresenta o “Tech Trends Report” no palco do SXSW (South by Southwest), um dos relatórios quantitativos mais abrangentes e comentados sobre tendências. Amy Webb é reconhecida como uma das principais especialistas em tendências tecnológicas e seu relatório anual é uma referência para profissionais e empresas de todo o mundo.
Na edição 2023 as análises de Amy incluíram os caminhos para inteligência artificial, robótica, tecnologias web3, cibersegurança, bem como a importância da implementação efetiva da privacidade e ética na tecnologia para prevenir possíveis catástrofes futuras. Tudo isso em paralelo à promoção da sustentabilidade, diversidade, equidade, novos modelos de trabalho e lideranças inclusivas, entre outros tópicos emergentes.
O Relatório Tech Trends Report 2023, apresentado por por Amy Webb na SWSW, reúne no total 666 tendências em diversas esferas. Neste artigo vamos tomar conhecimento de alguns pontos altos do relatório.
A revista Forbes já incluiu a futurista no rol das “cinco mulheres que estão mudando o mundo”. Ela integra também a lista “Thinkers50” de 2021, que aponta os 50 intelectuais de gestão mais influentes do planeta.
O que é um futurista?
Durante o início de sua apresentação no SXSW, Amy Webb, CEO do Future Today Institute e uma das atrações mais aguardadas, esclareceu seu papel como futurista.
De acordo com Amy, visto que é impossível prever o futuro, seu trabalho consiste em utilizar dados e evidências para identificar os sinais e tendências que exigem modelagem e análise. Com base nisso, é utilizado o reconhecimento de padrões para tentar compreender não somente o que está influenciando o futuro, mas também como essas mudanças ocorrem.
A partir daí, são criados modelos para explorar a incerteza de forma geral e, por fim, busca-se determinar, com base em todas essas informações, o posicionamento adequado para uma organização.
Em resumo, são procurados sinais e tendências por meio de um processo que envolve a identificação de padrões e a criação de modelos de análise com o objetivo de entender as tendências emergentes para auxiliar na tomada de decisões e preparar as empresas e indivíduos para o que está por vir.
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Web3 – Internet descentralizada e revolução do IA
Considerando os impactos da Web3, Amy enfatiza que, até agora, as pessoas se acostumaram com a comodidade e o espaço que as grandes empresas de tecnologia ocupam em suas vidas diárias. Isso resultou diretamente na concentração de dados e informações que as Big Techs possuem. No entanto, com a Web3, essa concentração pode deixar de existir. “Esse cenário exige uma mudança significativa na forma como essas empresas operam e percebo que algumas estão se preparando para esse novo ambiente, enquanto outras parecem perdidas em relação ao futuro de seus negócios”, destacou Amy.
Amy Webb destacou que a web descentralizada tem o potencial de trazer mais autonomia para consumidores e empresas. Com a expansão do uso da Web 3.0 as pessoas sentirão sua evolução nos próximos anos. As tecnologias envolvidas no uso de dados que estão relacionadas a privacidade e propriedade serão fundamentais para o desenvolvimento deste cenário e para o correto funcionamento das redes logísticas, que serão integradas por identidades digitais interagindo com dispositivos inteligentes (smart things).
A sociedade exigirá métodos mais seguros de identificação e formas eficazes de validar seus dados pessoais e transações, protegendo-os por princípio. Isso significa que a internet invisível terá que ser superada. Essas mudanças serão transformadoras, mesmo que ainda não possamos ver muitas delas acontecendo por enquanto, segundo Amy.
“Com aceleradores e chips e todos esses novos tipos de sistemas de computação que estão sendo construídos, haverá um efeito composto até 2030. Podemos ter sistemas de IA mil vezes mais poderosos do que são hoje. Não é exagero. Portanto, há um gargalo agora. E esse gargalo está nos impedindo de construir os sistemas de IA mais poderosos já criados. E esse gargalo são os dados. Os dados disponíveis são a restrição, os componentes vão se expandir, os custos vão cair. Esta é a questão. Então é por isso que há uma demanda explosiva agora por dados”, destacou Webb. Se trata de uma remodelagem da internet, baseada em blockchain, tokenização e descentralização.
Se na Web 1.0 o objetivo era compartilhar informações e na Web 2.0 o foco foi no conteúdo gerado pelo usuário, na Web3 a ideia é combinar a descentralização habilitada pela tecnologia blockchain e reforçar ainda mais o conteúdo produzido pelos usuários.
Amy também afirma que, com essa evolução da inteligência artificial e internet como a conhecemos hoje não existirá. A tendência é de que a própria internet nos pesquise ao invés de nós pesquisarmos nela. Isso significa que um modelo mais descentralizado e com controles de privacidade mais eficientes pode ser construído, nos dando a oportunidade de ter um futuro onde não apenas interagimos com as AIs, mas também as controlamos.
“Se antes nós íamos até a internet, hoje a internet vem até você, todos os sistemas estão nos pesquisando, isso nos traz uma perspectiva totalmente diferente do que chamamos hoje de rede e do que chamaremos nos próximos anos.”
IOT – Home of Things
Com a crescente demanda por serviços e produtos do chamado Home of Things (HoT), impulsionada principalmente pelo trabalho, exercício e aprendizado em casa, as plataformas HoT têm atendido cada vez mais famílias inteiras, em vez de apenas uma pessoa. Essa mudança de comportamento dos consumidores tem incentivado a adoção de dispositivos eletrônicos que funcionem perfeitamente dentro de uma casa inteligente.
No entanto, essa tendência também tem chamado a atenção das empresas de tecnologia, que buscam expandir seu alcance e controle sobre os lares dos consumidores. Com o apoio de investidores, essas empresas têm investido em tecnologias como sensores, microfones e inteligência artificial para controlar diversos aspectos da vida cotidiana das pessoas, inclusive o sono.
Metaverso
O metaverso é uma tendência em ascensão que está mudando a forma como as pessoas interagem com a tecnologia. Ao contrário de uma única tecnologia controlada por uma empresa ou entidade centralizada, o metaverso é composto por várias tecnologias que permitem que as pessoas criem múltiplas versões de si mesmas, cada uma adaptada para fins específicos.
Essa diversidade de plataformas e possibilidades pode levar a uma fragmentação do eu digital, criando uma lacuna entre a pessoa no mundo físico e sua projeção no mundo virtual. No entanto, essa lacuna também oferece oportunidades para explorar diferentes aspectos da identidade e se conectar com pessoas de todo o mundo. Além disso, o metaverso também está mudando a forma como as empresas lidam com o trabalho. As plataformas de reuniões virtuais, experiências digitais e mundos de realidade mista estão se tornando cada vez mais comuns, criando oportunidades para uma colaboração mais imersiva e engajada.
Muitas pessoas estão buscando oportunidades no mundo digital, mas Amy alerta que a maioria delas está indo na direção errada. Embora as NFTs sejam vistas como uma forma interessante de arte colecionável, o mercado ainda não é grande o suficiente para absorvê-las completamente, e a saturação parece estar próxima. Enquanto isso, poucos estão olhando para as oportunidades relacionadas à infraestrutura necessária para que o metaverso funcione.
As novas infraestruturas serão cruciais para melhorar nossa experiência no metaverso, tornando-a mais imersiva e envolvendo todos os sentidos. Amy deu um exemplo interessante sobre como isso pode acontecer. Imagine que você é proprietário de imóveis mobiliados para locação, e pode monetizar o uso dos eletrodomésticos todos conectados. Isso pode ser apenas o começo de uma nova economia baseada em tecnologia, onde a infraestrutura é tão importante quanto o conteúdo.
Portanto, é importante estar atento às oportunidades que surgem no mundo digital, mas também ser estratégico e pensar além do que é popular no momento. Investir na infraestrutura necessária para sustentar o metaverso pode ser a chave para o sucesso futuro, ressalta Amy.
No futuro, o metaverso tem o potencial de transformar não apenas a maneira como as pessoas se relacionam com a tecnologia, mas também como trabalham e se conectam umas com as outras.
Conclusão
A inteligência artificial, tal como a conhecemos, é uma força multiplicadora de proporções inimagináveis. A IA não apenas viabiliza novas tecnologias, mas também pode se tornar um fator multiplicador das capacidades de indivíduos, empresas e da sociedade como um todo, de forma exponencial.
Toda transformação digital demanda uma mudança de paradigmas. É fundamental reforçar e incrementar medidas de cibersegurança e privacidade dentro dessa equação, visando garantir um futuro mais confiável e escalável.
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