A urgência da economia circular para um planeta sustentável
A economia circular é um conceito cada vez mais necessário e que tem ganhado mais força em todo o mundo considerando os desafios climáticos e da humanidade. É um modelo econômico que visa a redução do desperdício de recursos naturais e a minimização da geração de resíduos.
Ao contrário do modelo linear, que se baseia na extração de matérias-primas, produção, consumo e descarte, a economia circular propõe um ciclo fechado de produção e consumo, onde os resíduos são reutilizados como matéria-prima para novos produtos. Em outras palavras, trata-se de um sistema que busca o fechamento de ciclos, garantindo que os materiais sejam reutilizados e reciclados sempre que possível. A economia circular é uma abordagem importante para enfrentar os desafios ambientais e econômicos que o mundo enfrenta hoje. Ela oferece a oportunidade de aumentar a eficiência na utilização de recursos naturais e reduzir os impactos ambientais negativos causados pela produção e consumo desenfreados.
A implementação da economia circular depende de uma mudança fundamental na maneira como as empresas e os consumidores abordam a produção e o consumo de bens e serviços. É necessário repensar toda a cadeia de suprimentos, desde a extração de matérias-primas até a disposição final dos resíduos. Nesse sentido, a economia circular apresenta oportunidades para inovação e novos modelos de negócios. As empresas podem se beneficiar da redução dos custos de matéria-prima e da diminuição do impacto ambiental, além de atender à crescente demanda do mercado por produtos mais sustentáveis.
A economia circular também oferece oportunidades para a criação de empregos verdes e para o desenvolvimento de habilidades e capacitações necessárias para a transição para um modelo econômico mais sustentável.
Fechamento de ciclos
Um dos princípios-chave da economia circular é, como mencionado acima, o conceito de “fechamento de ciclos”. Isso significa que os materiais são mantidos em uso por tanto tempo quanto possível, e quando eles não são mais úteis em sua forma original, são recuperados, reciclados e reintroduzidos na economia como novos materiais.
Esse processo é possível graças ao desenvolvimento de tecnologias avançadas de reciclagem e reutilização de materiais, bem como a adoção de novos modelos de negócios baseados na economia circular. Um exemplo disso são as empresas que alugam produtos em vez de vendê-los, o que incentiva a reutilização e prolonga a vida útil dos produtos.
Princípios da energia circular
A economia circular é uma nova forma de pensar na produção e no consumo, fundamentada em quatro princípios chamados de 4 R’s da energia circular: redução, recuperação, reutilização e reciclagem de materiais e energia.
A economia circular procura reproduzir os ciclos da natureza de resíduos orgânicos e produtos industriais, de modo que nenhum resíduo inorgânico vá parar em aterros ou lixões a céu aberto. É uma nova forma de enxergar a realidade e a maneira como ela se desenvolve, buscando a preservação e a regeneração dos recursos. Na natureza, tudo é cíclico e circular. A economia circular é uma nova lente para criar um conjunto de regras que permita a sobrevivência com qualidade de vida e preservação e regeneração dos recursos naturais.
A meta não é mais o lucro acima de tudo, mas sim, a distribuição da riqueza e a compreensão de que as leis naturais estão acima da cultura, tecnologia e ética humana. É preciso criar novas regras que contemplem todas as formas de vida e mudem a relação do homem com a natureza, nutrindo as necessidades do ser humano e dos outros seres vivos. A economia deveria facilitar o fluxo natural de recursos e as trocas, fomentando a vida e gerando uma qualidade de vida melhor para todos.
Ecológico é a lógica de um modelo econômico que sugere crescimento sem esgotar recursos naturais. Essa nova visão de mundo exige uma mudança profunda na forma como pensamos e agimos, tanto como indivíduos quanto como sociedade. É preciso promover a educação ambiental e incentivar a participação cidadã, para que todos possam contribuir para a construção de uma economia mais justa e sustentável.
Assim, ao nos inspirarmos na natureza e em sua capacidade de criar sistemas complexos e resilientes, podemos criar uma nova economia que beneficie não apenas o ser humano, mas toda a teia da vida da qual fazemos parte.
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Conceito Donut: diretrizes e princípios da economia circular na prática
Conceito Donut: diretrizes e princípios da economia circular na prática
O livro “A Economia Donut: um modelo econômico para o século XXI” da economista britânica Kate Raworth, propõe princípios e diretrizes para uma economia circular.
Raworth apresenta a ideia de que a economia deve operar dentro de um espaço seguro e justo, representado pela forma de uma rosquinha. Ela tem como base dois limites: o alicerce interno, que contempla as 17 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e o alicerce externo, que estabelece os 9 limites planetários. Essa nova lógica de economia surge como alternativa à idolatria do PIB, que mede apenas a riqueza produzida por um país em um ano, sem levar em consideração as externalidades, o impacto no futuro e a qualidade de vida das pessoas
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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram criados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, como um chamado global para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir a prosperidade para todos.
Os ODS incluem metas ambiciosas, como a erradicação da pobreza, a promoção da igualdade de gênero, o combate às mudanças climáticas e a garantia da paz e justiça. O sucesso na consecução dos ODS depende da colaboração entre governos, setor privado e sociedade civil, para criar mudanças positivas e sustentáveis em todo o mundo.
- Erradicação da Pobreza: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, garantindo o acesso a recursos essenciais, como água potável, educação e saúde.
- Fome Zero e Agricultura Sustentável: Promover a segurança alimentar, melhorando a produção agrícola, garantindo o acesso a alimentos nutritivos e reduzindo o desperdício.
- Saúde e Bem-Estar: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, incluindo a redução da mortalidade infantil e materna, a prevenção de doenças e o acesso a serviços de saúde.
- Educação de Qualidade: Garantir o acesso universal a uma educação de qualidade, eliminando o analfabetismo e incentivando a educação inclusiva.
- Igualdade de Gênero: Promover a igualdade de gênero e capacitar as mulheres e meninas para que possam ter acesso a oportunidades iguais em todas as áreas.
- Água Potável e Saneamento: Garantir o acesso à água potável e saneamento básico para todos, promovendo a gestão sustentável dos recursos hídricos.
- Energia Limpa e Acessível: Promover o acesso universal a energias limpas e renováveis, como a solar e a eólica, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas.
- Trabalho Decente e Crescimento Econômico: Promover o crescimento econômico sustentável, garantindo trabalho decente e remuneração justa para todos, além de incentivar a inovação e o empreendedorismo.
- Indústria, Inovação e Infraestrutura: Promover a construção de infraestrutura moderna e sustentável para apoiar o crescimento econômico, além de fomentar a inovação e a industrialização.
- Redução das Desigualdades: Promover a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades, incluindo as desigualdades econômicas, sociais e políticas.
- Cidades e Comunidades Sustentáveis: Garantir a construção de cidades e comunidades mais sustentáveis, promovendo a acessibilidade, a segurança e a qualidade de vida.
- Consumo e Produção Responsáveis: Promover o consumo e a produção responsáveis, reduzindo o desperdício e a poluição, além de incentivar a reciclagem e a reutilização de recursos.
- Ação contra a Mudança Global do Clima: Combater as mudanças climáticas e seus impactos, promovendo a adoção de medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e garantir a sustentabilidade ambiental.
- Vida na Água: Proteger a vida marinha e os ecossistemas aquáticos, promovendo a gestão sustentável dos recursos marinhos e a conservação da biodiversidade.
- Vida Terrestre: Proteger os ecossistemas terrestres, promovendo a conservação da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas e a gestão sustentável dos recursos naturais.
- Paz, Justiça e Instituições Eficazes: Promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas, garantindo o acesso à justiça e o fortalecimento das instituições democráticas.
- Parcerias e Meios de Implementação: Fortalecer as parcerias entre governos, sociedade civil e setor privado para a implementação dos ODS, além de garantir o financiamento e a tecnologia necessários para alcançar os objetivos.
Os 9 limites planetários
Já os 9 limites planetários incluem a mudança climática, a acidificação dos oceanos, a diminuição da camada de ozônio, a utilização excessiva de água doce, a perda de biodiversidade, a poluição do ar, a poluição da água, a degradação do solo e a liberação de produtos químicos tóxicos.
O objetivo da Economia Donut é garantir que a economia global opere dentro desses limites planetários, respeitando as fronteiras físicas do planeta e mantendo um equilíbrio sustentável entre as necessidades humanas e as limitações do meio ambiente.
Por exemplo, a mudança climática, por exemplo, é um dos principais limites planetários, e é um problema urgente que exige uma ação imediata e decisiva. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa e transitar para uma economia com zero emissões de carbono é fundamental para evitar os impactos catastróficos da mudança climática.
A acidificação dos oceanos é outro limite planetário que exige atenção, pois pode causar danos irreparáveis aos ecossistemas marinhos e à vida marinha. A diminuição da camada de ozônio, por sua vez, pode levar a um aumento da exposição da população à radiação solar, o que pode aumentar o risco de câncer de pele e outros problemas de saúde.
Abaixo, temos os nove limites planetários para garantir um futuro sustentável e justo para todos:
- Mudança climática: O limite para a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é de 350 partes por milhão (ppm). Atualmente, já ultrapassamos esse limite, com uma concentração de quase 415 ppm.
- Perda de biodiversidade: A taxa de extinção de espécies não deve ultrapassar 10 vezes a taxa natural. Atualmente, a taxa é de cerca de 100 vezes a taxa natural.
- Ciclo do nitrogênio: A quantidade de nitrogênio que entra nos ecossistemas não deve ultrapassar a capacidade de assimilação dos ecossistemas. Atualmente, a quantidade de nitrogênio é três vezes maior do que a capacidade de assimilação dos ecossistemas.
- Ciclo do fósforo: A quantidade de fósforo que entra nos ecossistemas não deve ultrapassar a capacidade de assimilação dos ecossistemas. Atualmente, a quantidade de fósforo é quatro vezes maior do que a capacidade de assimilação dos ecossistemas.
- Acidificação dos oceanos: A quantidade de dióxido de carbono que entra nos oceanos não deve ultrapassar a capacidade de absorção dos oceanos. Atualmente, estamos acidificando os oceanos mais rapidamente do que em qualquer outro momento nos últimos 300 milhões de anos.
- Uso global de água doce: A quantidade de água doce utilizada não deve ultrapassar a capacidade de renovação dos recursos hídricos. Atualmente, cerca de 1 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável.
- Uso de terra: A quantidade de terra utilizada para a produção de alimentos não deve ultrapassar a capacidade de regeneração dos ecossistemas. Atualmente, cerca de 1 bilhão de hectares de terra estão degradados.
- Poluição por produtos químicos: A quantidade de produtos químicos sintéticos liberados no meio ambiente não deve ultrapassar a capacidade de absorção e degradação dos ecossistemas. Atualmente, cerca de 80 mil produtos químicos são utilizados em todo o mundo.
- Camada de ozônio: A quantidade de clorofluorcarbonos (CFCs) liberados no meio ambiente não deve ultrapassar a capacidade de regeneração da camada de ozônio. Atualmente, a camada de ozônio está se recuperando lentamente, após cerca de 50 anos de utilização de CFCs.
A Economia Donut propõe um novo modelo econômico que busca garantir a prosperidade humana dentro dos limites do planeta. Os 9 limites planetários são uma parte fundamental desse modelo, representando as fronteiras físicas do nosso planeta que devem ser respeitadas para garantir um futuro sustentável para todos.
Rompendo Barreiras
O documentário “Rompendo Barreiras”, disponível na Netflix, é uma obra essencial para quem se preocupa com o futuro do planeta e quer entender melhor sobre os 9 limites planetários.
O documentário da Netflix que estabelece nove barreiras naturais para a civilização e analisa cada uma delas com uma classificação em três estágios: se estamos em uma zona verde – ainda em equilíbrio-, amarela – há sinais de alerta- e vermelha – há sinais de colapso e podemos estar nos aproximando de um ponto sem volta.
O documentário mostra que a maioria dessas barreiras está na zona amarela ou vermelha, o que significa que estamos enfrentando sérios problemas ambientais.
A mudança climática, por exemplo, já ultrapassamos sua zona de alerta há algum tempo. O aumento das temperaturas globais está causando derretimento acelerado das calotas polares, elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos, como secas e tempestades. Para combater essa barreira, é necessário reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, por meio da transição para fontes de energia renováveis e da adoção de práticas sustentáveis em todos os setores.
A perda de biodiversidade também está na zona vermelha, e a atividade humana é a principal causa. A destruição de habitats naturais, a caça e a pesca excessivas e a introdução de espécies invasoras estão levando à extinção de muitas espécies de plantas e animais. Para reverter essa barreira, é necessário proteger áreas naturais, adotar práticas agrícolas mais sustentáveis e reduzir o consumo de produtos de origem animal.
A acidificação dos oceanos é outra barreira crítica, e já ultrapassamos sua zona de alerta. A elevada concentração de dióxido de carbono na atmosfera está tornando os oceanos mais ácidos, o que afeta a vida marinha, especialmente animais com conchas e corais. Para combater essa barreira, é necessário reduzir as emissões de carbono e proteger os ecossistemas costeiros, que atuam como sumidouros de carbono.
O documentário também destaca que ainda há esperança e que podemos fazer a diferença para reverter essa situação. Mudanças individuais, como reduzir o consumo de carne, usar transporte público e evitar o desperdício de água, podem contribuir para reduzir nossa pegada ambiental. Além disso, é necessário que governos e empresas atuem de forma mais responsável e adotem práticas sustentáveis.
Conclusão
Em resumo, o documentário “Rompendo Barreiras” nos lembra da urgência de adotar práticas mais sustentáveis em todas as áreas da vida, inclusive na economia.
A economia circular é uma abordagem que pode ajudar a reduzir nosso impacto ambiental e criar um futuro mais equilibrado e justo para todos. Ao adotar uma economia circular, podemos transformar resíduos em recursos valiosos, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger a biodiversidade.
O futuro do nosso planeta depende das escolhas que fazemos hoje, e a economia circular é uma escolha que vale a pena fazer.
Para saber mais, assista Rompendo Barreiras na Netlifx.
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